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Contributo do Medronheiro na Gestão Florestal

 

Por Eng.º João Gama, DRAPC

 

           O medronheiro, Arbustos unedo L., é um arbusto tipicamente mediterrânico, que se adapta a diferentes solos, mesmo delgadose de baixa fertilidade, vulgarmente chamados de solos florestais dada a sua principal utilização. No entanto os recorrentes incêndios das últimas décadas, verificados também muito recentemente em todo o país, têm comprometido a viabilidade económica da floresta atual,podendo o medronheiro contribuir para a diminuição desse flagelo e melhorar a gestão florestal.

            A região centro tem vastíssimas áreas, que, pelo clima, pela orografia acidentada, e principalmente pela pobreza dos solos, apenas são, no geral, valorizáveis em exploração florestal, silvopastorícia e serviços ambientais. Nestas zonas, a floresta atual de minifúndio, desorganizada e em monocultura, tem tido a sua viabilidade comprometida pelos recorrentes incêndios, uma vez que está repleta de espécies muito suscetíveis aos mesmos.

            A fim de reverter esta situação, é urgente pôr em prática os planos regionais já existentes (PROFs) de silvicultura preventiva para que ocorram menos incêndios, incêndios menos extensos, e para que os custos de combate aos incêndios sejam menores.

Tendo em conta a composição maioritária da floresta atual, pode destacar-se o Pinheiro bravo, o Eucalipto, o Castanheiro, o Sobreiro, e o Medronheiro. Perante um incêndio, as primeiras espécies, exceto os sobreiros, possuem uma vulnerabilidade entre 0,75 e 1,bem como uma elevada taxa de inflamabilidade, ao invés da última, o Medronheiro, que possui uma vulnerabilidade de 0,50 e uma baixa combustibilidade no estio.

            Para além destas caraterísticas, de ser um arbusto bem adaptado ao clima e aos solos, em planta adulta apresenta um rápido rebrote após um incêndio, cerca de dois meses, e produção após a passagem deste, cerca de três anos depois.

            O medronheiro tem ímpares potencialidades para ser utilizado quer compondo o mosaico florestal, quer servindo de corta-fogo nas redes primárias e secundárias de proteção e combate aos incêndios. A estas particularidades podem somar-se ainda a valorização dos espaços agroflorestais, como o aproveitamento das linhas de alta tensão, a contribuição para a instalação de sobreiros ou castanheiros, a diminuição da erosão e aumento da matéria orgânica dos solos, bem como a produção de caprinos.

             Assim, a sua inclusão na escala necessária, no ordenamento destas zonas florestais, aumentará a produtividade da floresta, obtendo-se também maior diversificação de produtos transacionáveis e serviços de valor social e ambiental relevantes.

 

            As imagens abaixo ilustram um rebrote de medronheiro após dois anos da passagem do incêndio. Refere-se ao incêndio ocorrido no concelho de Góis, distrito de Coimbra, em setembro de 2013. Após dois anos, apresenta já uma formação (imagem em destaque à direita) que indica que no próximo ano, 2016, já terá flor e fruto.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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